terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Dia desses, me contaram uma história legal:

Mãe e filho estavam perdidos na floresta [a noite, né...pra deixar tudo amedrontador] quando ouviram um barulho crescente, vindo pela estrada logo atrás. O menino assustou-se mas a mãe prontamente explicou:

- nao se assuste. é uma carroça vazia, filho.

- mas mãe, como você sabe?! está escuro… o barulho está crescendo cada vez mais!

- filho, justamente por isso. quando a carroça está cheia, ela é silenciosa. carroças vazias são barulhentas por não conterem nada em seu interior… com o movimento, vão sacolejando, tilintando, etc!

- entendi…

- engraçado filho, pois as pessoas são como as carroças: quanto mais barulhentas, cheias de auto-elogios, o tipo de pessoa que não respeita quando alguém está falando… cheias de ‘eu sou’, ‘eu faço’, pode ter certeza que seu interior é oco. Já as com conteúdo, fazem seu trabalho sem chamar atenção, cumprindo suas funções.

A Porcelana do Rei

Certa vez, achava-se Confúcio, o grande filósofo, na sala do trono.

Em dado momento o Rei, afastando-se por alguns instantes dos ricos mandarins que o rodeavam, dirigiu-se ao sábio chinês e perguntou-lhe:

- Dizei-me, ó honrado Confúcio: como deve agir um magistrado? Com extrema severidade a fim de corrigir e dominar os maus, ou com absoluta benevolência - a fim de não sacrificar os bons?

Ao ouvir as palavras do soberano, o ilustre filósofo conservou-se em silêncio; passados alguns minutos de profunda reflexão, chamou um servo, que se achava perto, e pediu-lhe que trouxesse dois baldes - sendo um com água fervente, outro com água gelada.

Ora, havia na sala, adornando a escada que conduzia ao trono, dois lindos vasos dourados de porcelana. Eram peças preciosas, quase sagradas, que o rei muito apreciava.

E, com a maior naturalidade, ordenou o velho filósofo ao servo:

- Quero que enchas esses dois vasos com a água que acabas de trazer, sendo um com água fervente num dos vasos e a gelada no outro, quando o rei, emergindo de sua estupefação, interveio no caso com incontida energia:

- Que loucura é essa, ó venerável Confúcio! Queres destruir essas obras maravilhosas?! Fará , arrebentar o vaso em que for colocada; a água gelada fará partir o outro!

Confúcio tomou, então, de um dos baldes, misturou a água fervente com a gelada e, com a mistura assim obtida, encheu os dois vasos sem perigo algum.

O poderoso monarca e os mandarins observavam atônitos a atitude singular do filósofo.

Este, porém, indiferente ao assombro que causava, aproximou-se do soberano e assim falou:

- A alma do povo, ó Rei, é como um vaso de porcelana, e a justiça é como a água. A água fervente da severidade ou a gelada da excessiva benevolência são, cada uma, desastrosas para a delicada porcelana; manda, pois, a Sabedoria e ensina a Prudência que haja um perfeito equilíbrio entre a Severidade, com que se pode castigar o mau, e a Longanimidade, com que se deve educar e corrigir o bom.

Nobushige e o mestre Hakuin: Do Paraíso ao Inferno

Um orgulhoso guerreiro chamado Nobushige foi até o mestre Hakuin e lhe perguntou: “Se existe um paraíso e um inferno, onde estão?”.

-”Quem é você?”, perguntou Hakuin.

-”Eu sou um samurai!”, exclamou o guerreiro.

-”Você, um guerreiro???!!!” riu-se Hakuin. “Que espécie de governante teria tal guarda? Sua aparência é a de um mendigo!”.

Nobushige ficou tão raivoso que começou a desembainhar sua espada.

Enquanto isso, Hakuin continuou: “Então, você tem uma espada! Sua arma provavelmente está tão cega que não cortará nem a minha cabeça…”.

O samurai, num gesto muito rápido, desembainhou a espada e avançou, pronto para matar, gritando de ódio. Neste momento, Hakuin gritou:

-”Acabaram de se abrir os Portais do Inferno!”.

Ao ouvir estas palavras, percebendo a sabedoria do mestre, o samurai embainhou sua espada e fez-lhe uma profunda reverência.

-”Acabaram de se abrir os Portais do Paraíso“, disse suavemente Hakuin

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

ENTA, ENTA... É A PRESIDENTA

Alguns provavelmente sabiam, mas não tinham certeza. Outros tinham e têm certeza. Certos de que são mais espertos do que a grande maioria do povo brasileiro, os responsáveis pela propaganda do governo federal não vacilam em colocar no ar uma peça publicitária em que a intenção de apelar para o subliminar fica clara desde a primeira veiculação.

Aqueles que não tinham certeza a partir de agora podem afirmar, como os demais, que essa turma que militou no radicalismo e que chegou ao poder se julga competente demais para promover uma lavagem cerebral na população. Além disso, consideram nosso povo sem inteligência suficiente para identificar suas jogadas que visam à manipulação da opinião pública, como foi o caso da propaganda do Banco do Brasil que repetia o número três sucessivas vezes, pretendendo com isso sugerir um terceiro mandato para Lula da Silva. Criticado, o Banco do Brasil afirmou que em breve daria as explicações que justificariam a publicidade. Nunca as deu.

Agora vem essa turma novamente, sob nova direção, com uma propaganda que teria como objetivo alertar os homens da terceira idade para o uso de preservativos. Os atores usam camisetas com a inscrição “enta”, base para uma séria de rimas, e no final da peça publicitária, o celular de um deles toca e ele fala aos demais que quem estaria ligando seria sua esposa ou, como dizem por aí, “a rádio patroa”, justificando-se: “É a presidenta”.

Eta turminha malandrinha essa aí que ocupa certos setores do Planalto! O que essa gente não faz e não fará para promover Dilma Rousseff, a preferida do presidente Lula da Silva para sucedê-lo? A primeira estocada é essa que finge se referir ao uso da camisinha, cuja intenção é propagar a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil. Outras virão, mas a atitude impensada de agora deixa de sobreaviso muitos daqueles que sabem das artimanhas que partem do Planalto e estão preparados para denunciá-las, seja no Congresso, na imprensa ou no bate-papo descontraído numa mesa de boteco.

Consegui pensar em várias outras palavras que terminam em “enta”. Algumas são impublicáveis, mas serviriam perfeitamente para adjetivar uns e outros que nos julgam todos como idiotas. Bobos são eles. Bobos da corte! Uma corte cujos personagens começam a sentir o impacto da insônia quando pensam que tudo o que é bom não dura para sempre. Talvez sejam as noites maldormidas que os fazem recorrer a todas as formas de estratégias para convencer brasileiros de todos os segmentos sociais de que somos um país maravilhoso, bem governado, competente para distribuir variados tipos de Bolsas, de acordo com a conveniência e necessidade do beneficiado. Assim, crêem que poderão ampliar seus anos de mandos e desmandos, com medidas às vezes um tanto estranhas e nada provisórias.

O Ministério Público Federal tem o dever de analisar essa peça publicitária do “enta”. E essa turma do Planalto precisa saber que pimenta nos olhos dos outros também arde... e faz reagir.
Não sei por que escrevo esta crítica, pois certamente dirão que o objetivo da propaganda é alertar para o aumento da incidência da aids em pessoas acima do 50 anos. O resto, afirmarão certamente, seria mera coincidência.

Chega de mediocridade! A comunicação do governo federal precisa ser mais criativa, mais Benjamin Franklin e menos Franklin Martins.

(ARTIGO PUBLICADO NO DIÁRIO DA MANHÃ, DE GOIÂNIA, EM 27.NOVEMBRO.2008)